quinta-feira, 10 de março de 2011

Um conservador amigo dos gays

Texto sugerido pelo leitor Cotrim. Embora no campo econômico liberais e conservadores tenham certa coincidência, as duas correntes são bem opostas no que se refere às liberdades individuais. Mesmo assim, vale a pena ler!

 Republicano convicto, ligado a Reagan e Bush, o advogado Ted Olson causa espanto por defender a legalização do casamento entre homossexuais

Por Juliano Machado

Era novembro de 2008 e o diretor de cinema americano Rob Reiner almoçava com sua mulher, Michele, e um consultor democrata chamado Chad Griffin em Beverly Hills. Fazia dez dias que os eleitores da Califórnia haviam aprovado a Proposição 8, um referendo que incluía na Constituição do Estado o seguinte artigo: “Apenas o casamento entre um homem e uma mulher é válido ou reconhecido na Califórnia”. A emenda derrubava uma decisão anterior da Suprema Corte Estadual, que autorizava o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo. Homossexual assumido, Griffin se dizia inconsolável. O casal Reiner, ativista da causa gay, foi então atrás de um advogado renomado que aceitasse entrar com uma ação contra a Proposição 8. Quando uma amiga de Michele lhe sugeriu o nome de Theodore Bevry Olson, a reação foi de indignação: “Ted Olson? Por que eu procuraria esse cara?”.

A surpresa de Michele não era sem razão. Convencer Ted Olson a assumir uma causa dessa parecia uma piada de mau gosto. Aos 69 anos, ele moldou uma imagem de prodígio entre os juristas mais conservadores dos Estados Unidos. Em 1964, foi um dos poucos estudantes de Direito de Berkeley, na Califórnia, a apoiar a derrotada candidatura à Presidência do republicano Barry Goldwater, o “Sr. Conservador”. Nos anos 80, serviu como membro do conselho legal do governo de Ronald Reagan, que lhe deu de presente uma fotografia dos dois com a seguinte inscrição: “Obrigado, de coração”. A fidelidade republicana ficou notória em 2000, quando Olson defendeu George W. Bush na histórica disputa com o democrata Al Gore para saber quem seria o novo presidente americano. Ele convenceu a Suprema Corte a interromper a recontagem de votos na Flórida e pôs Bush na Casa Branca. Como prêmio, ganhou o cargo de procurador-geral, exercido entre 2001 e 2004. Como um homem desses, “o advogado de Bush”, poderia topar dedicar seus esforços a favor do casamento gay, algo que outros conservadores repudiam com todas as forças?

Olson topou, para espanto geral. Em maio passado, tornou-se o representante legal de dois casais gays – as mulheres Kristin Perry e Sandy Stier, que criam quatro filhos, e os homens Paul Katami e Jeffrey Zarrillo. Eles entraram com uma ação numa corte federal contra o governo da Califórnia para derrubar a Proposição 8. O caso ganhou projeção nacional com o nome de Perry versus Schwarzenegger – curiosamente, o governador Arnold Schwarzenegger também é a favor do casamento entre homossexuais. O juiz Vaughn Walker já ouviu acusação e defesa e deverá anunciar sua sentença no mês que vem. A expectativa de Olson é que o caso vá parar na Suprema Corte dentro de dois anos.

CAUSA
Ted Olson em seu escritório, em Washington. No detalhe, Kristin Perry (à esq.) e Sandy Stier, um dos casais gays defendidos por Olson

É evidente que tanto liberais quanto conservadores tentaram encontrar justificativas para a decisão de Olson, que aparentemente estava jogando no lixo todo o seu passado. Alguns de seus colegas republicanos achavam que só poderia haver “perdão” pela suposta traição a seus princípios caso Olson tivesse um homossexual na família – ele não tem. Outros, mais radicais, preferem nem tocar no assunto com o amigo. Do lado democrata e dentro da comunidade gay, há até quem ainda desconfie de sabotagem – Olson teria aceitado o caso para forçar uma derrota em nível federal e enfraquecer a causa. Nada disso.

Alguns republicanos disseram que só um gay na família poderia justificar a “traição” de Olson

Segundo o próprio Olson, não há nenhuma incoerência entre suas convicções legais e o apoio aos gays. Como um conservador, ele diz defender sempre a liberdade do indivíduo e o direito de não sofrer interferência do Estado em sua vida privada. Proibir o casamento gay, portanto, seria um desrespeito a ambos os princípios e a Proposição 8 uma medida inconstitucional. “A Declaração de Independência americana diz que a vida, a liberdade e a busca da felicidade são direitos inalienáveis. Que melhor forma de realizar essa aspiração nacional senão aplicar os mesmos direitos a homens e mulheres que se diferenciam dos outros somente por sua orientação sexual?”, diz Olson em um artigo à revista Newsweek. Para ganhar a simpatia dos liberais, convidou o respeitado advogado David Boies, seu adversário no caso Bush versus Gore e amigo na vida fora dos tribunais, a dividir a causa. Boies aceitou o desafio.

Nesse mesmo texto, Olson diz que até hoje nenhum de seus amigos, entre eles religiosos radicalmente contra o casamento gay, conseguiu lhe expor um argumento razoável para impedir que os homossexuais tenham o mesmo direito de qualquer outro casal. Uns alegam que isso desvaloriza o objetivo da procriação da espécie. Para Olson, o fato de permitir aos gays que se casem não desestimula a união entre heterossexuais e seu provável interesse em ter filhos. Na visão dele, como a homossexualidade não é uma questão de opção, a proibição não vai cumprir um papel de encorajar gays a ter relações heterossexuais. Outro argumento de Olson diz respeito à “aberração” legal criada pela Califórnia depois da Proposição 8, que dividiu os habitantes do Estado em três categorias: héteros, que podem se casar livremente; gays que podem viver juntos em uma “união doméstica”, mas sem direito a casamento; e, por fim, gays que se casaram antes da vitória do referendo e, agora, não podem partir para um segundo matrimônio se quiserem o divórcio.

Dentro de casa, Olson tem o apoio incondicional da advogada Lady Booth, sua quarta mulher – a anterior, Barbara, morreu no avião sequestrado por terroristas que se espatifou no Pentágono em 11 de setembro de 2001, dia do aniversário dele. Sua mãe, Yvonne, ficou preocupada com a repercussão do caso, mas depois consentiu. O problema mesmo será convencer um país em que apenas cinco dos 50 Estados já aprovaram o casamento entre homossexuais. Amigos mais próximos de Olson dizem que ele está empolgado com a causa como se fosse um iniciante e teria dito que é a mais importante de sua carreira. Segundo Paul Katami, um dos gays defendidos por ele, Olson lhe disse para planejar o casamento com Jeffrey Zarrillo daqui a alguns anos. Vinda de um advogado que participou de 56 processos diante da Suprema Corte e venceu 45, essa promessa faz crer que o defensor de maior peso dos gays americanos saiu justamente do ninho inimigo.

sábado, 5 de março de 2011

O sexo no Objetivismo

 Por Luiz Mário Brotherhood

Como prometi bem no comecinho do blog, aí está o trecho sobre sexo, do livro Objetivismo: A filosfia de Ayn Rand, de Leonard Peikoff.

Para falar a verdade, achei esse trecho relativamente insuficiente. Acredito que Peikoff poderia ter aproveitado melhor esse tema tão interessante, que é o sexo. Provavelmente Ayn Rand tenha o feito explicitamente em algum outro lugar.

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O sexo como sendo metafísico

Passo a discutir sexo primeiramente examinando como ele funciona na vida de um homem racional.

Um homem racional precisa saber não só intelectualmente que ele é bom e que o universo é auspicioso, mas precisa também experimentar, sob a forma de uma emoção consumada, a total realidade desses dois fatos que são essenciais à sua ação e sobrevivência. A felicidade no sentido de um prazer metafísico, já dissemos, é um leitmotiv afetivo duradouro, um pano de fundo positivo que condiciona as alegrias e os pesares diários de cada um. Esse tipo de prazer é vital demais para ficar sendo sempre um simples pano de fundo. Às vezes, como um estado intenso de exultação, a própria felicidade torna-se o foco da consciência.

O sexo, na identificação de Ayn Rand, é “uma celebração do próprio eu e da existência”; é uma celebração tanto da capacidade que o indivíduo tem de obter valores quanto do mundo no qual ele os obtém. Sexo, portanto, é uma forma de sentir felicidade, mas a partir de uma perspectiva especial. Sexo é o êxtase de experimentar emocionalmente duas realizações interligadas: a auto-estima e a convicção do universo benevolente.

O sentimento sexual é uma soma; pressupõe todos os valores morais de um homem racional e seu amor a eles, inclusive seu amor pela parceira que o personifica. O significado essencial de tal sentimento não é social, mas metafísico; refere-se não a qualquer valor único ou amor, mas ao profundo interesse envolvido em toda busca de valores: a relação entre o homem e a realidade. Sexo é uma forma peculiar de responder à questão suprema de um ser volitivo: consigo viver? O homem com auto-estima, usando termos cognitivos, conceitos, conclui dentro de sua própria mente que a resposta é sim. Quando ele faz amor, ele conhece esse sim sem palavras, na forma de uma paixão que percorre o seu corpo.

O sexo é uma capacidade física a serviço de uma necessidade espiritual. Não reflete só o corpo do homem nem só sua mente, mas a integração corpo-mente. Em todos os casos a mente é o fator governante.

Há uma base biológica da sexualidade humana e uma contraparte no mundo animal. Mas todas as necessidades e prazeres animais transfiguram-se no contexto do animal racional. Isso fica aparente mesmo com relação a necessidades tão simples quanto alimentação e moradia. Os seres humanos, precisamente porque atingiram a distinção humana, obtêm comparativamente pouca alegria a partir da mera sensação de satisfazer suas necessidades. Seu prazer vem em grande parte das emoções associadas. Vem da constelação de valores conceitualmente formulados que definem a satisfação humana das necessidades. Assim, as alegrias de haute cuisine com amigos especiais entre copos de cristal e peças de tapeçaria num restaurante fino, ou do ensopado de carne acompanhado de vinho com a esposa amada na sala de jantar de sua casa, são coisas muito diferentes do ato de comer um pedaço de carne numa caverna vazia em um lugar qualquer, embora esse ato possa ser igualmente nutritivo e protegido das interpéries. O princípio é que um prazer que um dia foi puramente biológico torna-se, na vida de um ser conceitual, amplamente espiritual. O princípio aplica-se preeminentemente ao sexo. Nenhum prazer humano tão intenso quanto o sexo pode ser predominantemente uma questão de sensação física. Predominantemente, o sexo é uma emoção; e a causa da emoção é intelectual.

O fato de a vida sexual de um homem ser moldada por suas conclusões e juízos de valor fica evidente em todos os aspectos. Fica evidente no cenário que ele prefere, na indumentárias, nas carícias, posições e práticas e no tipo de parceira. Esse último aspecto é particularmente eloqüente.

Nenhum homem deseja todo mundo que há na Terra. Cada indivíduo tem seus requisitos quanto a esse aspecto, por mais contraditórios ou mesmo não-identificados – e os requisitos do homem racional, nesse aspecto como em tudo o mais, são o oposto de contraditórios. Ele só deseja uma mulher que possa admirar, uma mulher que (tanto quanto ele saiba) compartilha de seus padrões morais, de sua auto-estima e de sua visão de vida. Só com uma parceira assim é que ele pode experimentar a realidade dos valores qeu ele procura celebrar, inclusive seu próprio valor. O mesmo tipo de seletividade sexual é exercida por uma mulher racional. É por isso que Roark sente-se atraído por uma heroína como Dominique, e é por isso que Dagny Taggart em Atlas Shrugged quer tanto ir para a cama com John Galt e não com Wesley Mouch. O amor romântico é a mais forte emoção positiva possível entre dois indivíduos. Vivenciá-lo, portanto, longe de ser uma reação animal, é uma auto-revelação: os valores que dão origem a esse tipo de resposta devem ser os valores mais pessoais e mais intensamente defendidos pelo indivíduo.

Quando um homem e uma mulher apaixonam-se – pressupondo-se que os dois estejam livres romanticamente e o contexto seja, de outro modo, apropriado –, o sexo é uma expressão necessária e correta de seus sentimentos de um para com o outro. O “amor platônico”, em tais circunstâncias, seria um vício, uma violação da integridade. O sexo está para o amor assim como a ação está para o pensamento, a possessão para a avaliação, o corpo para a alma. “Nós vivemos em nossas mentes”, observa Roark, “e a existência é a tentativa de trazer essa vida para uma realidade física, de declará-la em gestos e formas”. Sexo é a forma preeminente de trazer o amor para uma realidade física.

O assunto sexo é moral, é um prazer exaltado, é um valor profundo. Portanto, como a felicidade, o sexo é um fim em si mesmo; não é necessariamente um meio para qualquer outro fim, como, por exemplo, a procriação. Essa visão enaltecida do sexo leva a um corolário ético: uma função tão importante deve receber o respeito que merece.

Respeitar o sexo significa abordá-lo objetivamente. O princípio norteador deveria ser: selecione uma parceira que você ame com base em valores que você possa identificar e defender. Então façam tudo que vocês quiserem na cama, desde que seja mutuamente desejado e que os seus prazeres sejam orientados pela realidade. Isso exclui a satisfação sexual indiscriminada e qualquer forma de destruição ou fingimento – entre outros exemplos, a promiscuidade do homem que “caça” na noite, a coação do estuprador, a pretensa fidelidade do adúltero e o fingimento do sádico que diz que sua capacidade de causar sofrimento é um sinal de eficiência. (A fantasia, tanto no sexo quanto em outros departamentos da vida, é uma forma de imaginação e, portanto, legítima, desde que a pessoa não esqueça a distinção entre fantasia e realidade.)

O princípio norteador em matéria de sexo deve ser: aprecie o sexo como uma expressão da razão e da vida humana no sentido total e moral do termo; então, com esse contexto em mente, busque esse valor avidamente.

Esse ponto de vista é o oposto da filosofia atualmente predominante sobre o assunto.

O intrinsecalismo simplesmente condena o sexo. A idéia defendida é que o amor é uma relação entre duas almas que não deve ser manchada pela conexão com o corpo. Nessa visão, o sexo – assim como a riqueza, o prazer e a própria vida – não tem nada a ver com a razão ou com a faculdade conceitual; o sexo é egoísta, “animal”, “materialista”. Tal função só pode ser justificada como um mal necessário, um meio para a procriação. Os verdadeiros idealistas dentre os homens (por exemplo, os padres e as freiras) consequentemente permanecerão moralmente puros praticando o celibato. Quanto ao resto da humanidade, a orientação de que tos precisam é uma lista interminável de proibições: é proibido o sexo antes do casamento, o divórcio, o sexo oral, a masturbação, a contracepção, o aborto.

Essas proibições são um ato de guerra contra a humanidade. São a declaração formal de que alegria é um crime.

“Só o homem que exalta a pureza de um amor desprovido de desejo”, escreve Ayn Rand, “é capaz de uma depravação como um desejo desprovido de amor”. Isso nos traz à típica abordagem subjetivista do sexo. O subjetivista também separa conceitos de perceptos e sustenta que sexo é uma simples reação sensorial, desprovida de causa intelectual. Mas ele diz aos homens para ir em frente e fazer a festa, agarrando qualquer sensação animalesca que queiram sem referência a princípios e padrões. Segundo essa teoria, o amor e um mito, e sexo é simplesmente carnes se retorcendo. Então vale tudo que satisfaça os caprichos da pessoa – sempre que der vontade, quanto e onde der vontade, e com quem ou com o que a pessoa resolver se agarrar.

A identidade básica desses dois pontos de vista é óbvia. Eu gostaria de salientar, entretanto, o júbilo com que ambas as escolas, coerentes com sua interpretação básica, entregam o assunto atração sexual ao domínio da química, dos hormônios, de uma “faísca” inexplicável ou de algo mais, algo – qualquer coisa – que não sejam os valores escolhidos pelo homem, qualquer coisa que permita às pessoas continuar insistindo na idéia de que “o amor é cego”. Esse júbilo é uma forma de triunfo; é o prazer do irracionalista frente á suposta impotência num domínio crucial de seu inimigo: a mente humana.

Pessoas cujas almas são formadas por tais filosofias – juntamente com aqueles que chegam ao mesmo beco-sem-saída moral por conta própria, sem o benefício de idéias explícitas – vêem o sexo de maneira diferente do homem racional. Se uma pessoa não tem auto-estima e vê o universo como senso malevolente, ele não tem motivos para uma celebração metafísica. Mas sua necessidade de auto-estima permanece. Esse indivíduo pode fingir uma concordância com tabus sexuais como indicativa de uma virtude superior de sua parte. Muito mais comum, porém, no mundo ocidental de hoje, é essa forma de praticar o sexo sem restrições, mas procurando reverter causa e efeito enquanto o faz. Esses homens procuram fazer do sexo não a expressão de sua auto-estima, mas o meio de obtê-la (geralmente através da aprovação ou submissão a parceira). Não se pode, porém, obter a auto-estima por tais meios, e assim o sexo torna-se um ato de fingimento e de escapismo. Torna-se não a alegria de ratificar um universo benevolente, mas uma diminuição momentânea da ansiedade causada pela premissa de um universo malevolente. Nesse tipo de abordagem o desejo sexual também é uma auto-revelação. O homem que tenta essa fraude com uma parceira não coagida precisa sentir que ela o acompanha na fraude, que ela está no mesmo nível espiritual que ele ou mesmo num nível inferior.

O sexo humano correto, pelo contrário, requer homens e mulheres de envergadura, no que diz respeito a caráter moral e ponto de vista metafísico. É a tais indivíduos que Ayn Rand refere-se quando escreve, num resumo final, que o espírito humano “empresta significado à matéria insensível quando a molda para que sirva ao objetivo escolhido do indivíduo”. Esse tipo de conduta, continua a autora, leva o indivíduo
ao momento em que, em resposta a seus valores mais altos, em admiração que não pode ser expressa por nenhuma outra forma de tributo, o espírito desse indivíduo faz com que seu corpo se torne o tributo, remodelando-o – como prova, como aprovação, como prêmio – em uma única sensação de tal intensidade de alegria que nenhuma outra aprovação à existência do indivíduo se faz necessária.
Isso é o que deve lhe vir à mente quando você pensa em “moralidade” – esse tipo de êxtase e a criatividade intelectual que está na raiz desse êxtase e a coisa que está na raiz da criação intelectual: o fato do homem-herói enfrentar a natureza como um conquistador; não castidade e pobreza e o gesto de prostar-se diante de fantasmas.

O indivíduo que obtém esses valores objetivistas não diz: “Se não fosse pela graça de Deus, eu não estaria na situação em que estou hoje”. Ele fez por merecer o que tem, e sabe disso. 

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Árabes fogem da homofobia em seus países


Chadwick Moore (The New York Times)

Nova York é mundialmente conhecida por reunir manifestações culturais do mundo inteiro. A cidade que parece oferecer atividades para todas as subculturas gays possíveis – um guia com 700 itens lista grupos de apoio para gays vegetarianos, pilotos e entusiastas da vela, junto com 62 grupos religiosos – é palco de uma festa que reúne a comunidade gay do Oriente Médio.
A Habibi, que em árabe quer dizer “meu amado”, foi criada em 2002 pelo DJ  Abrãao, um dos fundadores de um grupo mais sério, chamado Sociedade Árabe de Gays e Lésbicas. 
– O grupo cresceu, o que nem sempre é uma coisa boa, porque há todas as nacionalidades do Oriente Médio. Os egípcios querem sair com os egípcios, os marroquinos querem sair com os marroquinos. Esse é sempre o problema dos árabes – relata Abrãao,  que aceitou ser entrevistado sob a condição de não revelar seu sobrenome.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Casamento gay NÃO será aprovado em fevereiro no Brasil. E Dilma NÃO apóia o casamento. Entenda o caso...

Por Carlos Alexandre Neves Lima
"Casamento gay será aprovado em fevereiro. E é no Brasil. Dilma apóia. Entenda o caso e compre sua aliança"
Estou pasmo!

Um amigo do facebook, André Sena, reproduziu felicissimo uma notícia que estava no Blog do Claudio Nascimento, que é Superintendente da Superdir no Estado do Rio de Janeiro, petista e historicamente um militante LGBT.

O título do artigo se chama:
"Casamento gay será aprovado em fevereiro. E é no Brasil. Dilma apóia. Entenda o caso e compre sua aliança".
Desconfiei daquilo que estava lendo, mas fui lá conferir e, de fato, consta no Blog do Cláudio esta notícia, mas no mesmo texto contém que tal matéria advém do MIX BRASIL, da autoria de Marcelo Cia, postado no dia 19.01.11.

É ASSUSTADOR imaginar que um Militante Gay que está no Governo do Rio de Janeiro, que acompanha toda história desde o início, tenha transcrito uma matéria destas!

Na referida matéria afirma-se que tramita um processo no Supremo Tribunal Federal e que "o pedido do governador foi feito em 2008 e é simples: ele pede que os funcionários homossexuais do Estado do Rio possam se casar".

ERRADO.

A ação mencionada no artigo, ADPF 132, que tramita no STF proposta pelo governador Sergio Cabral NÃO PEDE que seja reconhecido O CASAMENTO para os homossexuais servidores públicos do estado fluminense.

A referida ação pretende ver reconhecido o direito a UNIÃO ESTÁVEL, que, diga-se de passagem, está a léguas de distância do CASAMENTO CIVIL. O conceito e as consequências destes dois institutos jurídicos são muito distintos.

Portanto, essa informação é absurda. Não há pedido algum na referida ação de autorização para o casamento civil.

Em seguida, no mesmo artigo, descaradamente, alega que o governo, através da AGU (Advocacia Geral da União) deu apoio para o casamento Civil.

Mentira.

Diz o equivocado artigo: ..."o Planalto deu um jeitinho de mostrar-se favorável ao tema: a Advocacia Geral da União, que é montada pela presidência, encaminhou parecer ao STF defendendo a posição do governo FAVORÁVEL "... "o parecer da AGU que defende a união gay não foi recolhida pela nova direção da Advocacia Geral da União, agora sob comando de Dilma."

O parecer da AGU não foi "recolhida"? O que é isto?! Será que quem escreveu isto imagina que quando muda o governo é possível também adulterar os documentos existentes ou mesmo retroceder no tempo e modificar a opinião, tipo: vai lá e pega de volta o parecer e entrega um novo? Será que ele imagina que o STF é uma espécie de loja de roupas?

Pior, para esta específica ação (ADPF 132) a ser julgada no STF o parecer da AGU FOI CONTRA, isto mesmo, CONTRA o reconhecimento a união estável. Segundo a AGU, na época presidida pelo José Antonio Toffoli, atual Ministro do STF, essa parte do pedido do governador Sergio Cabral sequer deveria ser conhecido...

Quanta informação errada!

No Mix Brasil os graves erros cessaram aqui, mas continuaram no blog do Claudio Nascimento, que além de repertir os erros que deveria ter ciência, ainda fez outros não menos graves.

Claudio Nascimento, aparentemente MODIFICOU o restante do texto, e ao invés de colocar "Presidencia a favor" alterou para "Dilma a favor".

Claudio Nascimento parece que também retirou a parte do texto que dizia que o parecer da AGU foi realizado durante o Governo do Lula e passou a dizer que era do Governo da Dilma.

O que é isso companheiro?

O parecer da AGU, como já disse anteriormente, foi CONTRA.

Aliás, exatamente porque o parecer da AGU foi contra que a Procuradoria Geral da República, QUE SE MANISFESTOU CONTRA O PARECER DA AGU E TOTALMENTE A FAVOR da ADPF 132 do Governador Sergio Cabral, resolveu, por cautela, ingressar com OUTRA ação junto ao STF (que não é a que será julgada pelo Ministo Carlos Ayres de Brito), e nesta NOVA AÇÃO que a AGU se disse favorável a união estável. Entretanto, este outro parecer, para esta outra ação, foi realizado por outro Advogado Geral da União e durante o Governo do Lula, o qual não se confunde com Dilma, a qual durante toda campanha eleitoral repetidamente disse ser contra o casamento homossexual, por se tratar, segundo ela, de um sacramento religioso!

Claudio Nascimento em seu blog termina afirmando, para meu espanto total, que se confirmado o tal CASAMENTO (que já disse, não faz parte do julgamento da referida ação) teremos três HEROIS, se referindo ao Sergio Cabral, Carlos Ayres de Brito (Ministro relator que julgará) e, acreditem, segundo ele, DILMA ROUSSEFF.

Tudo tem limite. Tantas informações erradas para um assunto tão sério para os LGBTs vinda do Mix Brasil que possui jornalistas sérios e super competentes e do Claudio Nascimento que pertence ao Governo do RJ que propós a AÇÃO em questão e defende direitos LGBTs é para sair correndo três noites e três dias e lastimar, muito, de quem dependemos para nos informar e defender nossos interesses.

O que é isto, manipulação? Espero que não, mas não posse deixar de me questionar até onde se trata somente de falta de informação.

Só me resta citar Abraham Lincoln: "Podeis enganar toda a gente durante um certo tempo; podeis mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não vos será possível enganar sempre toda a gente".


Carlos Alexandre Neves Lima é Advogado - RJ; Membro da ABRAGAY Associação Brasileira de Gays; Colunista da G Magazine - SOS Jurídico; Colunista da MIG - Direitos.