Quatro amigos discutem os dissabores da vida homossexual. Um líder religioso assume publicamente que é gay. Uma lésbica leva a namorada para que sua mãe a conheça. São histórias que poderiam fazer parte de um, dentre os vários filmes e documentários que discutem a vida de LGBTs em países liberais e democráticos. Mas aqui é retratada a homossexualidade de pessoas que vivem em países de maioria islâmica (como Egito, Irã, Paquistão e Turquia) e em países com comunidades muçulmanas importantes (como Índia, África do Sul e França).
O significado da palavra “jihad” (em árabe, جهاد) é bem complexo, mas ela é entendida pelo indiano Parvez Sharmano como uma luta religiosa interna entre a aceitação da homossexualidade e a necessidade de se preservar a fé no Islã.
Assisti duas vezes ao documentário “A Jihad for Love”. Muito bom! Embora já imaginasse a humilhação a que são submetidos gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros em países islâmicos, o diretor mostra com fidelidade a vida nada fácil desses – em minha opinião – corajosos que ousaram prestar seus desesperados depoimentos perante as câmeras.
A história mais comovente é a de quatro amigos iranianos que passam três anos num conjunto habitacional para refugiados na Turquia Central. No seu país natal, atos homossexuais são ilegais e punidos severamente. Sim, eles são do Irã – o mesmo país que é bajulado por petistas e pelo Presidente Lula.
Arshan, Amir, Mojtoba e Payan dividem um cubículo e tentam conseguir o visto de refugiados junto à embaixada do Canadá. De imediato, só Arshan e Payan conseguem o visto. Os outros dois, terão que esperar. A viagem até ao Canadá é marcada por uma mistura de alegria, tristeza e inconformismo – algo indecifrável e incompreensível para nós, que nunca passamos por situação semelhante. Quando chegam ao seu novo país, Arshan, numa breve reflexão, diz: “Como posso ser livre quando tantos outros não podem?” Payan, sensibilizado com o sofrimento do amigo, responde: “Um dia eles também serão livres.” Que Alá o ouça!
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