sábado, 29 de maio de 2010

Revista Junior e a apatia política gay

Dias atrás, fui à casa de um amigo e observei que ele colecionava edições da revista Junior. Para quem não conhece a revista, Junior é uma publicação não-pornográfica voltada ao público homo e bissexual masculino (há quem a compare com a Men's Health, na sua versão gay). Resolvi dar umas folheadas nas edições que meu amigo possuía. Não fiquei surpreendido. Os temas discutidos ali são versões imprensas daquilo que é encontrado em websites com a mesma temática. Assumo que nunca havia lido uma revista gay, mas alguns pontos me chamaram a atenção. Numa página dedicada ao cantor gay Rufus Wainwright, vê-se uma apatia total do ponto de vista político. Caso não saiba, o cantor nortre-americano afirmou diversas vezes ser “um completo libertário” e, sempre que pode, faz duras críticas ao governo do seu país (seja republicano, seja democrata). Em contrapartida, numa entrevista com o cineasta Bruce LaBruce, seu marxismo é mais que escancarado; parece ser estimulado. Posso estar sendo injusto, mas para tal revista – e por extensão, demais empresários e lideranças LGBTs – gays só têm direito à existência se namorarem ou posarem de “miguxos” da esquerda. Se assumem outros caminhos, o pequeno "detalhe" é omitido.
Deveras há sites e revistas bastante partidários e “politizados” – não vou citar nomes, mas você deve imaginar quais – que é preciso dizer basta. São publicações tão enfadonhas que atendem a uma pequena parcela da população. Por outro lado, deixar de expor outra visão ideológica – igualmente digna e respeitável – é desonesto para com a comunidade LGBT.
Os brasileiros – com toda sua sapiência e mania de criticar os outros – criaram um processo eleitoral perfeito onde ninguém tem direitos; só obrigações. O voto é obrigatório, você tem que votar consciente (o que é votar consciente?), não deve fazer isso ou aquilo e blá-blá-blá. Nós, eleitores, somente entramos no final e, se algo falha nesse processo todo, a culpa recai sobre quem mesmo?
Não quero publicações como Junior assumindo bandeiras partidárias e políticas. Mas penso que as posições ideológicas diferentes existem entre os LGBTs e  que tais posições não devem ser ignoradas ou tratadas de forma superficial.

2 comentários:

  1. Esse tipo de contaminação nem é exclusiva da imprensa gay. Faço doutorado em música, e sempre discuto algo bem chato no mundo da música: se um compisitor escreve letras "de esquerda", é politizado. Se escreve letras de "direira" ou qualquer outra abordagem, é alienado ou reacionário.
    Quanto à militância gay, bem... andaram reclamando que a revista Veja tinha sido "positiva demais" com a abordagem ao assunto... para eles, gay só vale quando´o assunto é preconceito, pois ajuda a legitimar a ação de ONGs e outras coisas que em nada representam o mundo real.

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  2. Fala, cara, tudo ok?

    Obrigado pelo comentário. Ele só veio somar o que eu escrevi na postagem acima. Assino em tudo que você disse. Volte sempre para comentar.

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