sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Diversidade, mas diversidade mesmo!



Como é praxe aqui na Bananalândia, basta que algumas palavrinhas de efeito caiam no gosto dos nossos intelectuais para as mesmas virem uma espécie de mantra de doer os ouvidos.
Nos círculos e nos meios LGBTs a palavra “diversidade” é banalizada e descontextualizada a todo o momento por nossos “queridos” militantes e empresários gays.
O conceito de diversidade é amplo, com diferentes aplicações e não cabe a este humilde blog propor um estudo aprofundado do termo. Mas o interessante é que nossos “dirigentes” LGBTs bradam por uma tal “diversidade sexual” quando os mesmos são incapazes de aceitar uma voz dissidente dentro do seu próprio meio.
Talvez não seja a hora de pararmos de brigar contra os nossos “inimigos” lá fora e propor um diálogo com nossos “inimigos” aqui dentro? Digo isso, pois acredito que falta uma atitude de abertura e respeito para com o diferente, dentro da nossa “casa”. Explicarei melhor nos próximos parágrafos.
Em qualquer lugar discute-se o problema da heteronormatividade, do modelo heterossexual como único aceitável quando na verdade existe um modelo, ou melhor, alguns poucos modelos normativos de ser homossexual (“ser” enquanto verbo, é preciso deixar claro).
Não é preciso fazer muito esforço para compreender que há dois tipos principais de “gays”. O primeiro grupo, talvez o mais divulgado, seria composto por homens hiper-masculinos, anabolizados e, na maioria das vezes, depilados. Como disse um amigo, esse modelo mais denota do que esconde uma suposta homossexualidade.
O outro grupo, igualmente conhecido, seria formado por sujeitos vaidosos, magros ou “na média” (do peso), visual levemente andrógino e um estilo de vida associado às boates ou à cena pop-eletrônica.
Esses homossexuais, ao invés de darem um significado à sua própria existência, compram um modelo pré-fabricado, pré-existente, e buscam um molde, um “viver-conforme-quem”. O resultado? Tornam-se “clones”, uma vez que não existe diversidade, mas uniformidade (conformidade).
No campo das ideias, a situação não é menos diferente. O gay-padrão não é muito interessado em política, embora demonstre alguma simpatia pelos partidos de centro-esquerda, principalmente o PT – talvez por influência da mídia (ou dos seus antigos professores secundaristas), sabe-se lá.
Os militantes LGBTs – nossos velhos conhecidos – apresentam uma postura mais político-partidária. Boa parte é filiada a partidos como o PSol, o PT, o PSTU, o PCdoB, entre outros. Há também lenistas, stalinistas, castristas, bolivarianos; enfim, tudo aquilo que a fauna esquerdista é capaz de proporcionar. Poucos são assumidamente independentes ou de direita.
Aliás, homossexual de direita é algo que deixa muita gente intrigada. Como pode haver uma lésbica liberal? Ou um gay conservador? O vovô Marx não disse que o capitalismo é mau ? Não foi o titio Foucault quem falou que a sociedade ocidental, com sua cultura intolerante, nos odeia? Como isso é possível? Ninguém vai tomar alguma providência?
Brincadeiras à parte, qualquer homossexual que, por razões diversas, fugir dos modelos pré-estabelecidos é visto como anti-gay ou, na “melhor” das hipóteses, portador de uma homofobia internalizada.
Estabelecer um manual de como os homossexuais devem ser, portar e pensar, de que é correto ser um gay deste jeito, mas é errado de outro modo é contribuir para uma sociedade autoritária e anti-democrática.
Por isso, não há uma identidade e cultura gays. Há, com certeza, diversas maneiras de vivenciar a própria homossexualidade, infinitas formas de expressar a própria sexualidade, na sua particularidade e plenitude. E, para isso, nós temos um nome: individualismo.

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