Durante esta semana estive na sessão nostalgia. Assisti ao filme “A Vida de Brian” (Life of Brian, 1979, Inglaterra). Uma obra-prima que faz uma sátira ácida a tudo e a todos.
O contexto histórico é a Judeia do ano 33 d.C., uma época repleta de fanatismo religioso, invasões estrangeiras e messias oportunistas. No meio desse cenário conturbado encontra-se o coitado do Brian Cohen, que se filia à Frente dos Povos Judaicos (FPJ) – uma organização revolucionária que visa expulsar os romanos da Judeia.
Na realidade, um dos pontos tocados pelos humoristas do Monty Python é o fato da incompetência das ideologias ditas de esquerda de se organizarem e proporem algo mais “palpável”. Há um momento no filme em que o grupo esquerdista do Brian chega a propor a eliminação dos adversários da própria esquerda. O que não é muito diferente hoje: aqui no Brasil, o presidente Lula e o PT são atacados ferozmente por outros partidos que, na realidade, possuem as mesmas propostas dos seus, digamos, “adversários” políticos.
O filme trata de diversos assuntos, como intolerância, imperialismo, feminismo e até transexualidade (um dos revolucionários da FPJ deseja ser reconhecido com “mulher” – e faz um discurso a la Simone de Beauvoir).
Uma joia do humor nacional é o programa TV Pirata (Brasil, 1988-1992). O mesmo foi gravado numa época em que se podia zoar de gordos, de magros, de ricos, de pobres, de gays, de “machões”, de crentes e de judeus; podia-se beber e fumar, enfim, se fazia de tudo na televisão (e fora dela).
TV Pirata trazia para a casa da família brasileira personagens homossexuais realmente caricatos e criticava o gay way of life: desde o caipira bicha do Diogo Vilela até os veados “chiques” da high society. Não se pode esquecer da atuação de Cláudia Raia como “Seu Tonhão”, uma presidiária sapatão.
A Vida de Brian e TV Pirata são as provas de que o tal do “politicamente correto” não é a solução para o fim do preconceito. Caso os mesmos fossem rodados hoje, teríamos líderes dos “grupos-historicamente-discriminados” enchendo a paciência dos seus produtores (e que, por ironia, muitos deles são gays). Atualmente, a espontaneidade e a criatividade são tão policiadas quanto o preconceito. Só nos resta lamentar e dizer: “Bons tempos aqueles!”.
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