Não sou de dar crédito a um filme ou livro assim quando o mesmo é lançado. Faz parte da minha teimosia; espero a poeira abaixar, leio alguma informação aqui e ali para depois prestigiar o trabalho de um diretor ou autor. Foi assim que fiz com a película cinematográfica «Milk», do ano de 2008, dirigida por Gus Van Sant.
O filme narra a carreira política do grande ativista gay Harvey Bernard Milk (1930-1978), protagonizado por Sean Penn. É óbvio que não gosto de certas posturas políticas do ator em questão, mas devo assumir que o filme me impressionou. Tudo muito bem falado, a fotografia, então, nem se fala. Você se sente nos anos 1970. Contudo, colocarei aqui alguns pontos interessantes que ficam nas entrelinhas do filme ou mesmo são ignorados.
Milk, no início, não simpatizava com o Partido Democrata. Ele era simpatizante do republicano Barry Goldwater (1909-1998). Numa cena o então namorado de Harvey Milk, Scott Smith (interpretado por James Franco), fica desapontado com certas posturas políticas de Milk e o pergunta: «Mas você não era republicano?». Vale ressaltar que, apesar de republicano, Goldwater era um libertário e lamentava a crescente onda da direita religiosa dentro do Partido Republicano. Sua postura sobre o aborto, os direitos LGBTs, bem como o papel da religião na esfera pública o colocou em choque diversas vezes com os conservadores cristãos.
O conservador Ronald Reagan (1911-2004) apoiou publicamente os direitos da comunidade LGBT e rechaçou a Iniciativa Briggs (ou Proposição 6). Se esta tivesse sido aprovada, gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros e possivelmente qualquer um que apoiasse os direitos LGBT seriam expulsos das escolas públicas. Grandes libertários como Justin Raimondo e Roy Childs (1949-1992), bem como o Partido Libertário americano (Libertary Party) fizeram campanha contra a Iniciativa Briggs. Lembrando que os Partidos Republicano e Democrata, apesar da atitude de boa parte de seus membros, não a rejeitaram oficialmente, preferindo a neutralidade.
O filme manipula o apoio do democrata Jimmy Carter, dando a entender que o então presidente norte-americano era pró-gay (na realidade, Carter ficou em cima do muro; atitude que lembra alguns dos nossos políticos tupiniquins atuais). Em contrapartida, Ronald Reagan apoiou a criação de um grupo pró-gay dentro do Partido Republicano chamado Log Cabin Republicans, fundado em 1977, apesar da histeria e chiadeira dos republicanos mais reacionários.
Destaque para o trabalho da ativista lésbica Beth Elliot, contemporânea do Harvey Milk e uma das manifestantes contra a Iniciativa Briggs (e que não foi mostrada no filme). Ela teve uma carreira marcada inicialmente pelo socialismo, vindo a se tornar uma lésbica e feminista que faz uma leitura da história LGBT a partir de uma perspectiva libertária.
Soube da existência de um documentário da década de 1980 sobre Milk, chamado «The Times of Harvey Milk». Você encontra alguns trechos na web. Veja:
O filme narra a carreira política do grande ativista gay Harvey Bernard Milk (1930-1978), protagonizado por Sean Penn. É óbvio que não gosto de certas posturas políticas do ator em questão, mas devo assumir que o filme me impressionou. Tudo muito bem falado, a fotografia, então, nem se fala. Você se sente nos anos 1970. Contudo, colocarei aqui alguns pontos interessantes que ficam nas entrelinhas do filme ou mesmo são ignorados.
Milk, no início, não simpatizava com o Partido Democrata. Ele era simpatizante do republicano Barry Goldwater (1909-1998). Numa cena o então namorado de Harvey Milk, Scott Smith (interpretado por James Franco), fica desapontado com certas posturas políticas de Milk e o pergunta: «Mas você não era republicano?». Vale ressaltar que, apesar de republicano, Goldwater era um libertário e lamentava a crescente onda da direita religiosa dentro do Partido Republicano. Sua postura sobre o aborto, os direitos LGBTs, bem como o papel da religião na esfera pública o colocou em choque diversas vezes com os conservadores cristãos.
O conservador Ronald Reagan (1911-2004) apoiou publicamente os direitos da comunidade LGBT e rechaçou a Iniciativa Briggs (ou Proposição 6). Se esta tivesse sido aprovada, gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros e possivelmente qualquer um que apoiasse os direitos LGBT seriam expulsos das escolas públicas. Grandes libertários como Justin Raimondo e Roy Childs (1949-1992), bem como o Partido Libertário americano (Libertary Party) fizeram campanha contra a Iniciativa Briggs. Lembrando que os Partidos Republicano e Democrata, apesar da atitude de boa parte de seus membros, não a rejeitaram oficialmente, preferindo a neutralidade.
O filme manipula o apoio do democrata Jimmy Carter, dando a entender que o então presidente norte-americano era pró-gay (na realidade, Carter ficou em cima do muro; atitude que lembra alguns dos nossos políticos tupiniquins atuais). Em contrapartida, Ronald Reagan apoiou a criação de um grupo pró-gay dentro do Partido Republicano chamado Log Cabin Republicans, fundado em 1977, apesar da histeria e chiadeira dos republicanos mais reacionários.
Destaque para o trabalho da ativista lésbica Beth Elliot, contemporânea do Harvey Milk e uma das manifestantes contra a Iniciativa Briggs (e que não foi mostrada no filme). Ela teve uma carreira marcada inicialmente pelo socialismo, vindo a se tornar uma lésbica e feminista que faz uma leitura da história LGBT a partir de uma perspectiva libertária.
Soube da existência de um documentário da década de 1980 sobre Milk, chamado «The Times of Harvey Milk». Você encontra alguns trechos na web. Veja:
Quando se vê a curta carreira política de Harvey Milk, este abriu caminho para os direitos LGBTs e se opôs de forma firme aos esforços horrendos dos fanáticos em torno da Iniciativa Briggs. É óbvio que há alguns aspectos do programa político de Milk que eu, como um liberal clássico, não concordo. Contudo, nós podemos apreciar sua paixão pela justiça e abraçar essa sua característica. Devemos reconhecer o importante papel que desempenhou em ajudar ainda mais os direitos individuais nos Estados Unidos e no mundo modernos.
Referências:
Libertarianism: To Gay, Lesbian, Bisexual, and Transgendered Individuals http://chelm.freeyellow.com/gay_index.html (acesso em 07/01/2011)
Right on the Internet http://igfculturewatch.com/2006/02/16/right-on-the-internet/ (acesso em 07/01/2011)
The Times of Harvey Milk http://www.thetimesofharveymilk.com/ (acesso em 07/01/2011)
Só para relembrar as posturas de Reagan, pois estava lendo sobre ele:
ResponderExcluirReagan era considerado socialmente conservador, e frequentemente falava sobre ‘nossos valores de fé, família, trabalho e vizinhança’. Mas ele raramente buscou usar o governo para impor tais valores. Em 1978 ele discursou contra uma iniciativa anti-gay na Califórnia. Robert Kaiser, do Washington Post, destacando que Reagan foi o primeiro ocupante da Casa Branca a hospedar um casal gay, o chamou de “tolerante no armário”.
Relembrando Ronald Reagan
http://www.ordemlivre.org/node/1206
Marcus, que Ronald Reagan era cristão e conservador, ninguém duvida. Mas, ao contrário de outros cristãos conservadores, ele sabia muito bem o que era um Estado Laico. Ele não deixou, por exemplo, o moralismo fazer frente ao crescente avanço da AIDS (SIDA) naquela época. Seu trabalho foi elogiado pela comunidade LGBT americana.
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