Entre essas conversas virtuais discutia com um amigo sobre picaretagens do quotidiano. A Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos (alguém consegue ler esse nome num fôlego só?) determinou a retirada de uma propaganda da cerveja Devassa duma choperia em Vitória, Espírito Santo, e que se encontra publicada em alguns jornais e revistas, entre os quais a Revista Rolling Stones de dezembro de 2010 (número 51, paginas 6 e 7). Vamos ao anúncio: «É pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra... Devassa negra encorpada. Estilo dark ale de alta fermentação. Cremosa com aroma de malte torrado» (o resto você encontrará aqui).
Tal propaganda é ilustrada com o corpo de uma mulher negra com apelo sensual. Não é a primeira vez que tal marca se encrenca com grupos feministas e com a CONAR - Conselho de Autorregulamentação Publicitária. Tempos atrás censuraram um vídeo estrelado pela socialite Paris Hilton. Veja o vídeo a seguir:
Agora vamos à minha observação/indignação. Tem cabimento? As feministas (sim, justamente elas) viraram as guardiãs da moral e dos bons costumes? Atualmente, as propagandas empregam corpos esculturais e sensuais para vender seus produtos e, muitas vezes, fazendo alusão à grupos. Afinal, quem nunca bebeu uma loura gelada? Com dizem, a linha que separa a sensualidade da vulgaridade é tênue, mas pelo discurso empregado no anúncio, posso inferir que as palavras foram muito bem colocadas no texto. Não vejo alusão à discriminação racial; não vejo preconceito no anúncio da cerveja.
Vamos voltar um pouco no tempo. Quando José Serra foi Ministro da Saúde (1998-2002), a Associação Brasileira de Negros Progressistas ingressou com uma representação ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a abertura de processo contra ele, José Serra, por racismo. O motivo: a escolha de uma atriz negra para a campanha de prevenção à Aids no Carnaval. Alegavam que tal comercial ofendia as mulheres negras por associá-las à prostituição. Pelo visto não há prostitutas negras no Brasil...
Na época, o Ministério da Saúde alegou que a atriz, Carla Leite, foi escolhida entre trinta candidatas, grupo que incluía mulheres morenas, louras e negras. Pois é, só teria ocorrido racismo se a candidata mais preparada não pudesse protagonizar a campanha pelo fato de ser negra...
Semana passada realizei um passeio com meu sobrinho de cinco anos. Ele é fã do fenômeno teen Justin Bieber, marcado pelo seu visual um tanto andrógino. Passou perto de nós uma garota com um visual bem parecido, com aquele cabelo curto estilo boneco-lego. Meu sobrinho gritou: "«Tio, o Justin!». A adolescente, muito simpática, disse: «Eu também gosto dele». Como dizem, se a interpretação chega com maldade aos olhos da maioria, deve ser porque o preconceito está na cabeça de quem vê e não numa propaganda ou num visual.
Vamos voltar um pouco no tempo. Quando José Serra foi Ministro da Saúde (1998-2002), a Associação Brasileira de Negros Progressistas ingressou com uma representação ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a abertura de processo contra ele, José Serra, por racismo. O motivo: a escolha de uma atriz negra para a campanha de prevenção à Aids no Carnaval. Alegavam que tal comercial ofendia as mulheres negras por associá-las à prostituição. Pelo visto não há prostitutas negras no Brasil...
Na época, o Ministério da Saúde alegou que a atriz, Carla Leite, foi escolhida entre trinta candidatas, grupo que incluía mulheres morenas, louras e negras. Pois é, só teria ocorrido racismo se a candidata mais preparada não pudesse protagonizar a campanha pelo fato de ser negra...
Semana passada realizei um passeio com meu sobrinho de cinco anos. Ele é fã do fenômeno teen Justin Bieber, marcado pelo seu visual um tanto andrógino. Passou perto de nós uma garota com um visual bem parecido, com aquele cabelo curto estilo boneco-lego. Meu sobrinho gritou: "«Tio, o Justin!». A adolescente, muito simpática, disse: «Eu também gosto dele». Como dizem, se a interpretação chega com maldade aos olhos da maioria, deve ser porque o preconceito está na cabeça de quem vê e não numa propaganda ou num visual.
Estamos vivendo tempos tão imbecilizantes por conta do polticamente correto que, chega mesmo a dar desespero a chatice e a idiotice por trás dele. Vou completar seu comentário fazendo uma observação acerca de algo acontecido na cidade de Ouro Preto (MG), onde um imbecil de um prefeito resolveu mudar a bandeira da cidade: "... A frase em latim "proetiosum tamen nigrum" (precioso ainda que negro), referência ao ouro coberto por óxido de ferro encontrado na região, foi substituída por "proetiosum aurum nigrum" (precioso ouro negro).
ResponderExcluirA lei que mudou a bandeira de 1931 foi sancionada pelo prefeito Ângelo Oswaldo (PMDB). Segundo ele, a alteração é uma reivindicação antiga de intelectuais, movimentos negros e até turistas de Ouro Preto...). Retirei a notícia da Folha Online, só que desta vez a população não aceitou a idéia e rejeitou a idiotice, um a zero para a população. E quanto a propaganda, ele é gostosa, divertida e lida com a sensualidade feminina sem apelação e sem grossura. Tristes tempos esses do politicamente correto.
Olá passei para conhecer seu blog ele é notº10, show, fantástico, muito maneiro com excelente conteúdo você fez um ótimo trabalho desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua família
ResponderExcluirUm grande abraço e tudo de bom
Marcus
ResponderExcluirComo sempre direito, objetivo e inteligente. A ironia deste artigo é que quando o escrevi (domingo) estava com uma ressaca... (**rs**). O vídeo da patricinha da Paris Hilton foi acusado de sexismo. Bobeira desse povo, viu. Mas sério. Essa história aí sobre Ouro Preto é nova para mim. Que bom que voltaram atrás.
Rodrigo Rocha
Cara, obrigado pelo elogio. Este blog não é nota 10 (gostaria que fosse!). Sou apenas um cara comum, um pouco indignado e decepcionado com certos rumos tomados pelo meu país, pelo mundo e pela comunidade LGBT. Volte sempre que quiser amigo, comente e se quiser escrever algo para o blog, é só entrar em contato, certo?
Boa semana a todos.