domingo, 29 de agosto de 2010

LGBTs vítimas da violência doméstica

O atual censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – que está em curso – contabilizará dados sobre os parceiros do mesmo sexo que vivem numa união estável. Com certeza é um avanço, pois se tal pesquisa inclui parceiros de sexo oposto, por que também não incluir os casais LGBTs? Claro, sempre fico com um pé atrás, já que prevejo ONGs gays a utilizar esses dados e exigindo mais verbas para seus trabalhos “sociais”, políticas públicas (leia-se: cabide de emprego) e aquela ladainha de sempre. Por outro lado, há uma estatística que as mesmas ONGs não demonstram nenhum interesse em reclamar tampouco em conhecer: a violência doméstica entre parceiros homossexuais. Conheço gente que, se pudesse, varreria os “podres do meio gay” para debaixo do tapete.
A receita já é conhecida: gays, lésbicas, bissexuais e trangêneros são superiores e melhores que os heterossexuais (vulgo, “caretas”). Dá para perceber que nos filmes água-com-açúcar de Hollywood  (aqueles estilo Jennifer Aniston) e nas novelas globais em geral, os casais gays são retratados como perfeitos, amigos e idealistas – o protótipo de parceiros ideais. E a recíproca nem sempre é verdadeira em relação aos casais heterossexuais, que são vistos como adúlteros, violentos, infelizes e frustrados. Há nos Estados Unidos uma organização chamada GLAAD (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation – Aliança Gay e Lésbica Contra a Difamação), cujo objetivo é monitorar produtos culturais que, segundo sua visão, difamam a comunidade LGBT. Alguns estúdios de cinema chegam a submeter seus roteiros ao crivo da GLAAD, para evitar futuros boicotes e processos. E claro, mostrar um gay saindo no braço com outro é uma dentre as tantas outras cenas proibidas pelo Index dessa organização.
Querendo ou não, a violência doméstica em casais homossexuais é uma triste realidade que faz muitas vítimas em nosso país e mundo a fora. A prestigiada revista gay norte-americana The Advocate publicou um estudo no qual revelou que nada menos que 32,2% dos parceiros homossexuais naquele país sofre algum tipo de violência doméstica, sendo que os estudos mostraram que há uma maior proporção entre as lésbicas que os gays. Haja estrógeno e progesterona!
Mas se ela ocorre, por que então não é denunciada? Muitos LGBTs não se reconhecem como vítimas da violência doméstica, devido ao mito de que inexiste abuso num relacionamento homossexual e que a violência seria mútua (uma luta entre iguais). A isso se soma o temor de “sair do armário” e o medo de ser ridicularizado por amigos, colegas de trabalho, familiares, policiais e autoridades.
Vale ressaltar que os recursos que a comunidade LGBT possui para fazer denúncias são escassos e muitos dos serviços tradicionais de violência doméstica não sabem lidar adequadamente com o problema.
Não me recordo de o atual Código Civil proteger gays e lésbicas vítimas da violência doméstica. Também incluo nessa categoria homens heterossexuais que levam uns bons tabefes de suas amantes raivosas. Reconheço que é uma conquista leis que protegem as mulheres vítimas de violência. Contudo, tais  leis protegem as mesmas somente dentro de um relacionamento heterossexual ou quando o agressor é alguém do sexo masculino; discriminam os homens em geral e outras formas de uniões e parcerias. Torço pelo fim da violência nos lares (e fora deles!). Mas para que ela acabe é  preciso que abolir privilégios e que a lei inclua todos, indepedente de sexo e/ou orientação sexual.

REFERÊNCIAS


Colegas lanza una campaña contra la violencia de genero en parejas honosexuales con ocasion del dia internacional de la violencia contra las mujeres http://www.colegaweb.org/index.php/noticias-colegas-noticias-144/2530-colegas-lanza-una-campa-contra-la-violencia-de-gero-en-parejas-homosexuales-con-ocasi-del-d-internacional-de-la-violencia-contra-las-mujeres (acesso em 29/08/2010)

IBGE incluirá gays e lésbicas no censo http://www.ipcdigital.com/br/Noticias/Brasil/IBGE-incluira-gays-e-lesbicas-no-censo (acesso em 29/08/2010)

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