Que as sociedades humanas se tornem laicas não deve ser só um desejo, mas também um direito. Nos dias de hoje, muitos países na Ásia e na África vivem atolados em ditaduras religiosas que oprimem, perseguem e executam grupos religiosos minoritários, minorias sexuais e adversários políticos. Dessa forma, um Estado laico permite a existência de uma sociedade libertária e democrática. Contudo, o laicismo não deve ser confundido com anti-religião ou perseguição a grupos religiosos, algo que ocorreu na antiga URSS e noutras ditaduras socialistas.
Um país laico separa a religião do Estado, reconhece a existência de diversas confissões religiosas e garante, às mesmas, a liberdade de culto e organização. Mas, para algumas pessoas, o laicismo virou uma espécie de bandeira que visa eliminar toda e qualquer influência religiosa da vida social. No Estado de Minas Gerais, por exemplo, há um movimento que pretende acabar com as tradicionais Festas Juninas, pois as mesmas ofenderiam os não-católicos, já que tais festas estão ligadas à celebração de santos católicos. Transformar o Natal em Dia da Democracia (ou num outro dia qualquer) é no mínimo tendencioso. Por mais que nossa sociedade seja laica, muitos valores religiosos estão encravados nela, quer queiramos ou não. O jurista italiano Norberto Bobbio (1909-2004) reconhece que os direitos humanos tiveram origem no universalismo cristão. A própria ideia de Estado laico pode ter se originado no cristianismo, quando o próprio Jesus de Nazaré disse: “Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” (Mc 12,17; Mt 15,21; Lc 20,25)
Se fôssemos levar ao pé da letra o princípio da laicidade, chegaríamos ao extremo de retirar quadros e imagens antigas de museus ou mesmo adotaríamos uma outra forma de contar os anos, já que nosso calendário é cristão.
Como liberal, sou a favor da liberdade de expressão e pensamento. Mas devemos ter em mente que direitos implicam também em deveres. Portanto, não sou contra drag queens fantasiadas de “santas”, mas também reconheço o direito de comediantes rirem, debocharem e ironizarem gays afetados.
A postura de alguns segmentos LGBT tem sido de censurar opiniões contrárias às suas ou mesmo de processar atores, diretores e humoristas que transmitem uma imagem deturpada acerca dos homossexuais. E não me venham com o argumento de que isso é para promover a cidadania das minorias sexuais. Pode-se fazer piada de padre, de freira, de loura e do Pedrinho, mas fazer as mesmas piadas com gays (ou negros, ou judeus, ou muçulmanos), não? É, no mínimo, incoerente.
O único ódio politicamente correto (e eticamente débil) é o preconceito contra o Cristianismo e a Igreja Católica (será que algum dia também criminalizarão a cristianofobia?). Mas, como dizem, chutar cachorro morto é fácil. Conclamo os digníssimos dirigentes gays a fazerem retratos do profeta Maomé com garotos de programa ou, ainda, de dois imames[1] se beijando na boca, para representar nossa indignação com a situação dos nossos irmãos homossexuais sob a “égide” do Islã. Estes sim são humilhados, perseguidos, violentados e assassinados. Mas não! Nossos camaradas espanhóis preferem brincar, no conforto das democracias liberais, de atacar a Igreja Romana a dar a cara a tapa e lutar para que as liberdades civis e individuais sejam plenas para todos os seres humanos.
Nota:
[1] Imame ou imã – Em árabe امام, "aquele que guia" ou "aquele que está adiante". Termo que designa os principais líderes religiosos do Islamismo.
Fonte:
BOBBIO, Norberto – A Era dos Direitos – Rio de Janeiro - 1992
Só mais uma, promento!
Veja, neste link, uma reportagem (em inglês) do mês passado sobre o assassinato de homossexuais por milícias islâmicas. Eu não postei, pois ao ver as fotos fiquei com nojo e raiva do tribalismo desses povos.
Amigo Q-Libertário,
ResponderExcluirsomente hoje tive o prazer de ler seu blog. Parabéns pelo excelente nível dos artigos aqui escritos.
Estamos juntos na luta contra a opressão estatal e pelo direito de escolha em todos os níveis sociais e econômicos.
Atenciosamente,
Bernardo Santoro - Vice-Presidente Nacional do Partido Libertários.
Olá, Bernardo!
ResponderExcluirQuanta honra ter um comentário seu no nosso blog. Realmente estamos felizes pelo seu comentário.
Toda sorte para o Partido Libertário!
Você não sabe do que fala! Eu vivi na Espanha e sei (e todos os espanhóis sabem) como a igreja tenta interferir e interfere em assuntos que não lhe compete.
ResponderExcluirFazer uma Maria representada por uma 'drag-queen' não chega perto das ofensas que eles (os membros da igreja católica) são capazes de proferir aos homossexuais daquele país, ou de seguidores de outras crenças que não a deles, utilizando-se eles sim da escusa da liberdade de expressão permitida no que você chama de 'conforto das democracias liberais'.
O respeito que igreja almeja ali, ela não tem com os cidadãos dali; E portanto nenhuma moral para exigir nada!
Prezado Mário.
ResponderExcluirObrigado por ter lido nossa postagem. Desculpe-me o retorno demorado. Comentarei algumas colocações suas. Vamos lá:
Ter vivido na Espanha não te faz um conhecedor da realidade desse país. Conheço brasileiros (e argentinos e japoneses – vivi nestes países) que são completamente desinformados com relação ao seu próprio país; quiçá de um outro. Eu (ainda) não conheço a Espanha (bem como o resto da Europa) mas posso te dizer de uma coisa: os homossexuais de lá estão a anos-luz (em matéria de liberdade) na frente dos nossos iguais espalhados pelo mundo islâmico e por tantos outros países ditatoriais (Cuba, Coreia do Norte, etc).
Eu, enquanto indivíduo (e não representante do blog) não sou religioso mas tenho profundo respeito por todas as confissões religiosas, claro, desde que as mesmas respeitem a democracia e a separação entre religião e Estado.
A Igreja Católica Romana ofende os homossexuais? Ótimo, então onde estão as denúncias das graves perseguições aos homossexuais e ao Estado de Direito pela Igreja de Roma? Pelo que sei, por mais primária (e desinformada) possa ser, a Igreja Católica foi uma das pouquíssimas instituições religiosas a reconhecer a homossexualidade como algo inerente (embora, ironicamente, convide o sujeito a viver em “castidade”[1]) e a condenar a perseguição contra indivíduos LGBT [2]. Como disse, embora eu seja contra a posição da maior parte do clero católico, reconheço que o catolicismo romano apresenta uma opinião bem mais evoluída que a maior parte dos evangélicos e muçulmanos em geral.
Será que não confundimos homofobia com ideias contrárias às minhas? Se um bispo, padre ou cardeal diz ser contra o casamento (ou união civil) de homossexuais, é um direito dele, inclusive enquanto um segmento da sociedade a Igreja tem todo o direito de expor (não impor, é preciso lembrar!) seu ponto de vista. Proibir uma opinião (mesmo contrária) cheira fascismo e eu não apoio isso.
Não faço relativismos. Decerto homossexuais ainda sofrem perseguições mundo a fora. Mas, como dizem, toda generalização é burra. Culpar a Igreja Católica por homofobia (como se todos os católicos fossem homofóbicos) é ridículo e patético. Quando digo “conforto das democracias liberais”, falo a mais pura verdade. Foi o mundo liberal ocidental que permitiu uma maior aceitação dos homossexuais (bem como de outros grupos). Se fosse noutro momento ou noutro sistema político, estaríamos na forca, nas fogueiras ou atrás das grades.
No mais, obrigado por visitar nosso blog e esteja à vontade para comentar sempre!
Notas:
[1] http://www.vatican.va/archive/ESL0022/__P86.HTM
[2] http://www.vatican.va/archive/ESL0022/__P86.HTM
Sabemos que Drag Queen não tem nada a ver com "santidade" e trocar a imagem da Virgem Maria por um retrato grotesco desses é ofender aos simbolos religiosos. O que devia é a Igreja processar o autor desta "obra de arte"...
ResponderExcluirAo tocar de forma debochada no significado de Nossa Senhora, tão cara aos católicos, não se está atacando a Igreja Católica da Espanha, na verdade se ataca a fé de milhões de católicos no mundo inteiro. Qualquer pessoa que lhe tenha fé e amor se sente ofendido com tamanho desrespeito, eu me sinto ofendido. Se quer fustigar a Igreja espanhola arranje outra maneira, mas respeito é bom e todos nós gostamos.
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